quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

(Falta de) Resoluções de Ano Novo

É comum quando um ano entra pedir 12 desejos. Para isso comem-se doze passas uma por cada desejo.

Pois, eu lá comi as passas e desejos não pedi nenhum. Agora que já contei isso significa que eles não se vão realizar, mas se eu também não pedi isso quer dizer que não se vão realizar os desejos que eu não pedi.

O que é que isto tem a ver com a estatística e o livro anterior ilustro a seguir. É uma espécie de gato de  Schrödinger.


Se não se vão realizar os desejos que eu não pedi será que eu posso agora pedir os desejos (atrasados) que eles se vão realizar? A mecânica quântica junto com a não localidade, logo aquilo que eu não desejei no Ano Novo.

Pelo menos as doze passas já cá estão...

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

O Matemático disfarçado

Ao contrário do que disse na mensagem (post) anterior, apesar de ter sido por erro, o livro que acabei de ler é destinado a pessoas que não conhecem ou sequer necessariamente gostam de matemática.

A outra ironia é que o problema foi uma falta de revisão e por pressa eu também não revi o texto o que resultou em várias gralhas. Quem com ferros mata com ferros morre.

O livro é interessante, é um conjunto de histórias simples mas engraçados e capazes de ensinarem matemática sem usarem uma fórmula. As ideias associadas são profundas mas apresentadas num estilo descontraído.

A propósito disso e de uma reunião que tive hoje com uma aluna do Programa Doutoral em Matemática Aplicada (olá Isabel) lembrei-me que as fórmulas matemáticas são, ou podem ser, uma maldição/bênção dependendo de a quem for feita ser pergunta.

As fórmulas surgem como uma tentativa nossa de sintetizar experiências e destila-las em algo mais simples. Evitando que os detalhes da árvore nos impeçam de ver a floresta. As fórmulas são capazes de condensar mais do que as palavras e são, num certo sentido, universais sendo por isso uma linguagem. Uma linguagem com muitos dialectos como alguém que tente ler um artigo de uma área afim poderá atestar.

Como qualquer linguagem exige um esforço de aprendizagem e ninguém nasce ensinado. Nos filmes não parece haver distinção entre uma fórmula e uma runa.

O ponto nesta mensagem já longa está na percepção das fórmulas.

A fórmula é criada capturando a essência de muitos casos particulares, o padrão que emerge do saber anterior.
Como em todas as viagens a piada da coisa não está só no destino está também no caminho. E por isso para entender/saborear uma fórmula é também necessário fazer o percurso de volta. Condensar o sublimado, ou seja, numa prosa menos onírica transformar o caso geral em muitos casos particulares. Com todos estes casos particulares fazemos emergir um novo caso geral, e tal como nas aguardentes repetimos a destilação várias vezes até conseguirmos o licor ideal.

Um diamante é ainda mais bonito quando é lapidado e seguindo esta analogia do mesmo modo as fórmulas precisam de ser trabalhadas para delas se poder perceber a beleza.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Problemas com traduções

No Natal ofereceram-me o livro "O Matemático Disfarçado" que em inglês se chama "Coincidences, Chaos and All That Math Jazz".

 Gostei do livro, está escrito para pessoas que percebem de matemática e as ideias estão muito bem explicadas.

Só depois de falar com a Susana é que percebi que o título deriva do "O Economista Disfarçado", tentando ir na mesma linha. Gostei dos dois mas mesmo assim continuo a torcer o nariz à escolha da palavra disfarçado...

A tradução está em geral bem feita mas notei a certa altura no capítulo sobre infinitos:

"Para a maioria de nós, o mais perto que chegaremos do infinito é pensar no valor de rede de Bill Gates."

Chegado ao fim da frase torci o nariz e pensei "Que diabo, o que é o valor da rede de Bill Gates?". Pensado na expressão original deveria ser "Bill Gates net value", nesta variante net não quer dizer rede mas quando se refere ao peso de um dados produto o valor/peso líquido (por oposição ao peso bruto). Ou seja neste contexto a frase refere-se ao valor da fortuna do Bill Gates.

Ou é isto ou então eu não percebo nada nem de matemática, nem de redes nem de pequenos mundos.

Ah, um bom 2010 para todos os que estão a ler isto.