sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

O Matemático disfarçado

Ao contrário do que disse na mensagem (post) anterior, apesar de ter sido por erro, o livro que acabei de ler é destinado a pessoas que não conhecem ou sequer necessariamente gostam de matemática.

A outra ironia é que o problema foi uma falta de revisão e por pressa eu também não revi o texto o que resultou em várias gralhas. Quem com ferros mata com ferros morre.

O livro é interessante, é um conjunto de histórias simples mas engraçados e capazes de ensinarem matemática sem usarem uma fórmula. As ideias associadas são profundas mas apresentadas num estilo descontraído.

A propósito disso e de uma reunião que tive hoje com uma aluna do Programa Doutoral em Matemática Aplicada (olá Isabel) lembrei-me que as fórmulas matemáticas são, ou podem ser, uma maldição/bênção dependendo de a quem for feita ser pergunta.

As fórmulas surgem como uma tentativa nossa de sintetizar experiências e destila-las em algo mais simples. Evitando que os detalhes da árvore nos impeçam de ver a floresta. As fórmulas são capazes de condensar mais do que as palavras e são, num certo sentido, universais sendo por isso uma linguagem. Uma linguagem com muitos dialectos como alguém que tente ler um artigo de uma área afim poderá atestar.

Como qualquer linguagem exige um esforço de aprendizagem e ninguém nasce ensinado. Nos filmes não parece haver distinção entre uma fórmula e uma runa.

O ponto nesta mensagem já longa está na percepção das fórmulas.

A fórmula é criada capturando a essência de muitos casos particulares, o padrão que emerge do saber anterior.
Como em todas as viagens a piada da coisa não está só no destino está também no caminho. E por isso para entender/saborear uma fórmula é também necessário fazer o percurso de volta. Condensar o sublimado, ou seja, numa prosa menos onírica transformar o caso geral em muitos casos particulares. Com todos estes casos particulares fazemos emergir um novo caso geral, e tal como nas aguardentes repetimos a destilação várias vezes até conseguirmos o licor ideal.

Um diamante é ainda mais bonito quando é lapidado e seguindo esta analogia do mesmo modo as fórmulas precisam de ser trabalhadas para delas se poder perceber a beleza.

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